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Arquitetos: W design architecture studio ; W design architecture studio
- Ano: 2012
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Fotografias:Jamie Thom, DOOK
"Como podemos entregar aos nossos clientes mais por menos?" é a pergunta que os arquitetos Johan Wentzel and Grete van As de W Design Architecture Studio se fizeram quando consideraram o design conceitual deste impressionante e ao mesmo tempo despretencioso edifício contemporâneo. Localizado entre pequenas propriedades que misturam usos residenciais e comerciais em uma rodovia suburbana ao leste de Pretoria, a estrutura foi concebida e desenvolvida para atemporalmente caber neste contexto urbano como um espaço adaptável que pode ser utilizado como uma casa, um escritório ou uma combinação dos dois. O conceito de adaptabilidade e otimização de recursos estão costurados em todos os níveis de design e irradia um espírito multi-funcional em cada canto do projeto - da posição e forma do edifício em relação ao terreno até aos detalhamentos e escolha dos materiais de construção.
À primeira vista, essa abordagem é evidente através da ilusão do espaço infinito que é criada pela extensão do paisagismo em todos os locais possíveis, até o limite da rua, efetivamente convidando o espaço da rua e o contexto urbano a ser parte visual deste jardim verde. Essa ilusão é reforçada pela estrutura de concreto e vidro do edifício, que parece flutuar por sobre o jardim abaixo, apoiado apenas por duas colunas justapostas e envoltas na vegetação existente. A escolha dos pavers de piso-grama acrescenta à área permeável gramada, transformando a área de estacionamento em um gramado.
O resultado é uma atmosfera convidativa que atrair o visitante em direção ao pátio de entrada, flanqueado em ambos os lados por dois blocos flutuantes de concreto e vidro. O núcleo de concreto no pavimento térreo abriga os serviços básicos do edifício, incluindo os dois lances de escadas que levam ao primeiro pavimento.
A partir do momento que se adentra o primeiro andar, torna-se claro o porque das funções principais do edifício foram elevadas do solo. Com exceção das duas paredes limítrofes laterais, a estrutura sólida de concreto dá lugar a grandes panos de vidro que se abrem para uma vista surpreendente. A contradição acentuada de massa de concreto sólido flutuando levemente entre o topo da árvore frondosa reforça a consciência experiencial para este efeito. "Nosso objetivo final é criar um 'espaço flutuante' no nível superior do edifício que estenderia a percepção do espaço para além dos limites da propriedade com vistas desobstruídas dos subúrbios de Pretória", diz Johan.
A simplicidade do sistema de construção de concreto aparente tornou possível a execução de toda a estrutura primária - paredes, pisos e cobertura - com uma forma completa e simplificada de apenas um material. Desafiando a percepção comum de que o concreto é um material de construção 'frio' e 'sólido', os arquitetos tiveram uma atenção especial aos detalhes que celebrassem o lado decorativo, aconchegante e responsivo do concreto. Os veios do madeiramento utilizado nas fôrmas criam uma padronagem em toda a cobertura do projeto.
Atenção especial também foi dada ao comportamento climático do edifício. A cobertura de concreto se estende em relação à projeção do edifício para criar uma proteção extra contra a entrada de luz direta. Todas os painéis de vidro são móveis e deslizam para incentivar o resfriamento passivo do edifício através da ventilação cruzada; estão equipados com persianas motorizadas que permitem o controle ambiental ótimo por parte do usuário.
O exterior do edifício foi projetado como uma envoltória para conter os espaços multi-funcionais internos. As considerações arquitetônicas permitiram uma série de variações de layout, o que garante a eventual adaptabilidade futura. A própria essência do espaço garante a tri-dimensionalidade de um quadro em branco para ser habitado. A aparente 'crueza' dos acabamentos convida os ocupantes a participar do processo de criação, personalizando os espaços flexíveis de acordo com suas necessidades específicas.
A abordagem de projeto "mais por menos" resulta numa resposta arquitetônica intrigante na criação de edifícios e vizinhanças sustentáveis num mundo guiado pelas mudanças constantes e ditado pelo consumismo. Levando em consideração os bairros em constante mudança, resultado da densificação e subdivisão de lotes, faz total sentido considerar os edifícios pensados em abrigos altamente adaptáveis que podem acomodar as necessidades de seus ocupantes e o contexto que isso resulta. A otimização do uso do solo, a abordagem minimalista em relação ao consumo dos materiais de construção e a natureza multi-funcional do edifício apresentam uma alternativa reflexiva no sentido de criar vizinhanças alternativas para o século XXI.